terça-feira, 12 de março de 2013

Como proceder para dar resposta ao sentido da vida?


Todos os homens têm, por natureza, o desejo de conhecer, diz Aristóteles em sua obra “Metafísica”. Dentre os desejos de conhecer que o homem busca, destaca-se a busca do sentido da vida. A Filosofia busca a resposta para o sentido da vida, mas essa última continua sendo uma problemática. Deparamo-nos com muitas definições para sentido da vida, mas uma resposta definitiva permanece obscura. Na vida “é próprio de todos os homens quererem ser felizes, mas nem todos possuem a fé para chegar à felicidade pela purificação do coração. A fé é necessária para se alcançar a Felicidade em relação a todos os bens da natureza, ou seja, em relação à alma e ao corpo”, segundo Santo Agostinho,
            O fato mais fundamental da consciência é a vida, segundo Ortega y Gasset. A consciência é aquilo que faz a interação do homem com o meio e do homem consigo mesmo. O homem está à procura de uma base verdadeira, mas qual seria ela? A filosofia moderna busca a verdade mais certa, aquela que é indubitável. Ortega afirma que a verdade primeira e incontestável é a vida e não há outra.
            O que é a vida? O filósofo Eduardo Prado de Mendonça aborda a vida como um mistério limitado pelo nascer e morrer. O homem pensa no seu viver, permanecendo em constante busca do sentido da vida. Portanto, o problema primordial do homem é conhecer o significado do fato de nascer, viver e morrer. O percurso, do nascimento até a morte, é, por muitas pessoas, questionado, mas como ele não encontra uma resposta definitiva, acaba, na maioria das vezes, esquivando-se da problemática.  A ordem do processo vital, que é partir do nascer e chegar ao morrer, não é reversível. E por ela ter uma direção, logo pensamos o sentido dessa direção. Assim o sentido da vida se tornou um desafio à inteligência humana.
            Em cada decisão tomada na vida é implicado o fato vivo de nascer e morrer, pois passamos pela experiência do processo de seleção e escolha, segundo Eduardo Prado. Sócrates diz que uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. A cada decisão tomada passamos por um desafio. A vida busca transcender de si mesma desinteressando-se das coisas, cortando o não-essencial. A vida é cuidado, conforme Heidegger. Ortega herda a idéia de Heidegger, afirmando que “a vida é preocupação, pois a cada instante fazemos uma decisão do que seremos no futuro. É ocupar-se por antecedência, é preocupar-se”.
            A palavra alma é um termo que deriva do latim anima, aquilo que dá animo, que dá movimento a vida. O homem busca a felicidade plena. “Eu nunca vi, nem ouvi, nem cheirei, nem saboreei ou apalpei minha alegria, mas sempre a experimentei na alma quando me alegrei,” escreve Santo Agostinho, na sua obra “Confissões”. A felicidade é o que dá entusiasmo a vida, seja na decisão, seja no doar-se ao outro.
            Agostinho desenvolverá essa idéia de felicidade, fazendo com que a busca da alma se converta no movimento dirigido a Deus: “[...] Deus Felicidade, em quem, por quem e mediante quem são felizes todos os seres que gozam de Felicidade. [...] Onde há plena concórdia, total evidência, total constância, suma plenitude e vida plena. Em quem nada falta, nada sobra.” Ou seja, afirma Deus como à própria felicidade.
            O amor é a doação que o homem faz de si mesmo, assumindo sua responsabilidade na existência, e se manifesta como trasbordamento da vida, conforme Eduardo Prado. A nossa vida movimenta-se para um sentido autêntico quando é vivida com amor, pois é no amor que o homem vai encontrar sua posição, de fato, na história. “Seria vergonhoso amar as coisas por serem boas, apegando-se a elas e não amar o próprio Bem, que as faz serem boas” diz Santo Agostinho. É no amor, que como luz que ilumina, encontraremos o sentido da vida. Sendo a vida um dom, saberemos amá-la e sentiremos a alegria de viver, conclui Eduardo Prado no seu livro”O mundo precisa de filosofia”. Amar, doar-se ao próximo, é um ato que garante ao homem a felicidade. Portanto, a caridade é um trajeto que leva a felicidade, e a felicidade é um trajeto que leva a caridade, como um perfeito movimento dialético. A união destes dois fatos, amar e felicidade, dão resposta para o sentido da vida.

S. Rodrigo Souza,sdb
            

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