Dr. WILLIAM LANE CRAIG
"O homem - escreve
Loren Eisley - é o órfão cósmico." Ele é a única criatura no universo que
pergunta: “Por quê?" Os outros animais têm instintos para guiá-los, mas o
ser humano aprendeu a fazer perguntas. “Quem sou eu?” - ele pergunta. “Por que
estou aqui? Para onde estou indo?” Desde o iluminismo, quando o homem moderno
se desvencilhou das amarras da religião, ele tentou responder a essas perguntas
sem fazer referência a Deus. Mas as respostas que vieram não foram alegres, mas
escuras e terríveis: “Você é o subproduto acidental da natureza, um resultado
de matéria + tempo + acaso. Não há razão para a sua existência. Tudo o que você
tem pela frente é a morte.” O homem moderno pensou que, se livrando de Deus,
ele havia se libertado de tudo que o sufocava e reprimia. Em vez disso,
descobriu que, ao matar Deus, ele apenas havia conseguido se orfanar. Isso
porque, se não há Deus, a vida humana é absurda. É sem significado fundamental,
sem valor fundamental e sem propósito fundamental. Eu gostaria que olhássemos cada
um desses pontos nessa noite.
Primeiro, a vida é sem
significado fundamental. Se cada pessoa deixa de existir quando morre, que
sentido fundamental pode ser dado à sua vida? Realmente faz diferença se ela
existiu ou não? Pode ser dito que sua vida foi importante porque influenciou
outros ou afetou o curso da história. Mas isso mostra apenas um significado
relativo da sua vida, não um sentido fundamental. Se todos os acontecimentos
são, no final, sem sentido, que sentido há em influenciar qualquer um deles? A
humanidade está destinada apenas a perecer na eventual morte incandescente do
Universo. E, assim, as contribuições da ciência para os avanços do conhecimento
humano, os esforços dos médicos para aliviar dor e sofrimento, os esforços dos
diplomatas para manter a paz no mundo, os sacrifícios de pessoas boas no mundo
todo para melhorar a sorte da raça humana, no final, tudo isso resulta em nada,
não faz nenhuma diferença, nem um pouquinho. Por isso, a vida de cada pessoa
não tem sentido fundamental. E, se nossas vidas não têm sentido, as atividades
com que as preenchemos também não têm sentido. As longas horas gastas em estudo
na universidade, nossas amizades, nossos interesses, nossos empregos, nossos
relacionamentos - tudo isso é, em última análise, totalmente sem sentido. Esse
é o horror do homem moderno: Por que ele acaba em nada, ele é nada. O homem do
século vinte veio a compreender isso. Leia, por exemplo, a peça "À espera
de Godot", de Samuel Beckett. Durante toda essa peça, dois homens ficam
ocupados numa conversa trivial e tediosa, enquanto esperam chegar um terceiro,
que nunca aparece! E nossas vidas são assim, Beckett está dizendo: Nós
simplesmente matamos o tempo esperando o quê? Não sabemos. Num trágico retrato
do ser humano, Beckett escreveu outra peça, em que a cortina se abre revelando
um palco cheio de lixo. E, por trinta longos segundos, a platéia olha, em
silêncio, para aquele lixo. Então a cortina se fecha. Isso é tudo. Os
existencialistas franceses Jean-Paul Sartre e Albert Camus também compreenderam
isso. Sartre retratou a vida em sua peça "Sem saída" como o inferno.
A última linha da peça são as palavras de resignação: “Bem, continuemos com
isso”. Por isso, Sartre escreve em outro texto sobre a “náusea da existência."
O homem, ele diz, está perdido em um barco sem leme, num infinito mar. Camus
também via a vida como absurda. A vida, ele disse, é como um homem condenado
pela eternidade a rolar uma rocha colina acima, só para vê-la rolar colina
abaixo de novo. De novo, de novo, de novo e de novo... No fim do seu curto
romance "O Estranho", o herói de Camus descobre num lampejo de
compreensão que a vida não tem sentido e que não existe um Deus que lhe dê
sentido. O bioquímico francês Jacques Monod pareceu ecoar esses sentimentos
quando escreveu em sua obra "Acaso e necessidade": “O ser humano
finalmente sabe que está sozinho na indiferente imensidão do universo.”
Portanto, se Deus não existe, a própria vida se torna sem sentido fundamental.
O ser humano e o universo não têm sentido fundamental.
Segundo, a vida é sem
valor fundamental. Se a vida termina no túmulo, não faz diferença se você viveu
como um Stalin ou como um santo. Como o escritor russo Fiodor Dostoievsky
disse: “Se não há imortalidade, todas as coisas são permitidas”. Com base
nisso, um escritor como Ayn Rand está totalmente correto em louvar as virtudes
do egoísmo: Viva totalmente para si mesmo! Você não deve satisfações a ninguém!
Na verdade, seria tolice viver de qualquer outra forma, porque a vida é curta
demais para desperdiçá-la agindo por algo que não seja interesse próprio.
Sacrificar-se por outra pessoa seria burrice. Mas o problema torna-se ainda
pior. Porque, mesmo que houvesse imortalidade, se não há Deus, não há um padrão
absoluto de certo e errado. Tudo o que temos, nas palavras de Jean-Paul Sartre,
é "o fato nu e sem valor da existência." Os valores morais são
subprodutos socioculturais do processo evolutivo ou meras expressões de gosto
pessoal. Num mundo sem Deus, quem dirá quais valores são corretos e quais são errados?
Quem julgará que os valores de um Adolf Hitler são inferiores aos de uma Madre
Teresa? O conceito de moralidade objetiva perde todo o sentido num universo sem
Deus. Não pode haver certo nem errado! Mas, isso significa que é impossível
condenar guerra, opressão, brutalidade ou crime como maus. Pelo mesmo motivo,
também não podemos louvar fraternidade, igualdade, amor e altruísmo como bons.
Porque, em um universo sem Deus, bem e mal não existem. Existe apenas "o
fato nu e sem valor da existência," e não há ninguém para dizer que você
está certo e eu errado. E, terceiro, a vida é sem propósito fundamental. Se a
morte nos espera de braços abertos no fim do curso da nossa vida, para que fim
ela foi vivida? Tudo foi a troco de nada? Não há razão para a vida? Não há
propósito algum para a raça humana? Será que ela simplesmente desaparecerá
algum dia perdida no esquecimento de um universo indiferente? O escritor inglês
H. G. Wells anteviu essa perspectiva. Em seu romance "A máquina do
tempo", o viajante no tempo de Wells avança para o futuro, para descobrir
o destino do ser humano. Tudo o que ele encontra é uma Terra morta, com a
exceção de alguns liquens e musgos, orbitando um gigantesco sol vermelho. Os
únicos sons são o sopro do vento e o gentil marulhar das ondas do oceano.
Com exceção desses sons
sem vida, escreve Wells, o mundo estava em silêncio. Silêncio? Seria difícil
descrever como tudo estava quieto. Todos os sons do homem, o balido das
ovelhas, o canto dos pássaros, o zumbir dos insetos, a agitação que forma o
pano de fundo das nossas vidas - tudo havia passado.
E assim o viajante no
tempo de Wells voltou. Mas para o quê? Meramente, para um ponto anterior na
mesma corrida sem propósito em direção ao esquecimento. Quando eu, ainda não
cristão, li o livro de Wells, pensei: “Não! Não! Não pode terminar assim!” Mas
essa é a realidade em um Universo sem Deus. Se não há Deus, o fim será esse,
gostemos ou não: não há esperança, não há propósito. Isso me recorda dos versos
assustadores de T.S. Eliot:
É assim que o mundo
termina. É assim que o mundo termina. É assim que o mundo termina: Não com uma
explosão, mas com um gemido.
Se não há Deus, nossa
vida não é qualitativamente diferente da de um cão. Sei que isso é duro, mas é
verdade. Como disse o antigo escritor do livro de Eclesiastes:
O destino dos filhos dos
homens e o destino das bestas é o mesmo. Como morre um, assim morre o outro.
Todos têm o mesmo fôlego de vida e nenhuma vantagem tem o homem sobre as
bestas, porque tudo é vazio. Todos vão para o mesmo lugar. Todos procedem do pó
e ao pó tornarão.
Nesse livro, que se
parece mais com uma peça da literatura moderna existencialista do que com um
livro da Bíblia, o autor mostra a futilidade de prazer, riqueza, educação, fama
política e honra em uma vida destinada a terminar na morte. Qual é seu
veredicto? “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade!” Se a vida termina no túmulo,
não temos um propósito fundamental para viver. Espero que você comece a
entender a gravidade das alternativas à nossa frente. Porque, se Deus não
existe, tudo o que nos resta é o desespero. A vida não teria nem sentido, nem
valor, nem propósito. E é por isso que a pergunta da existência de Deus é tão
vital para a humanidade.
Infelizmente, a maioria
das pessoas não parece perceber esse fato. Por isso, elas continuam cegamente
em seu caminho como se nada tivesse mudado. Recordo-me da história contada por
Friedrich Nietzsche, o grande ateu do século XIX que proclamou a morte de Deus.
Nietzsche conta a história do louco que, nas primeiras horas da manhã, entra no
mercado com um lampião na mão, exclamando: “Procuro Deus! Procuro Deus!” E,
como muitos à sua volta não creem em Deus, ele provoca muitos risos.
"Talvez Deus tenha saído em uma viagem ou emigrado!", eles riem.
Então, eles os provocam e zombam dele. Então, escreve Nietzsche, o louco para
no meio deles e crava-lhes o olhar: “Onde está Deus?”, ele grita. “Eu lhes
direi. Nós o matamos, vocês e eu. Todos nós somos seus assassinos. Mas, como
fizemos isso? Como pudemos beber o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo
o horizonte? O que fizemos quando desamarramos esta terra do seu sol? Para onde
ela está se movendo agora? Para longe de todos os sóis? Não estamos caindo sem
parar? Para trás, para os lados, para frente, em todas as direções? Restou
algum acima ou abaixo? Não estamos vagando por um nada infinito? Não estamos
sentindo a respiração do espaço vazio? Não ficou mais frio? Não está
anoitecendo mais e mais? Não devemos acender lampiões de manhã? Não ouvimos
apenas o barulho dos coveiros que estão sepultando a Deus? Deus está morto! E
nós o matamos! Como nós, os maiores dos assassinos, consolaremos a nós mesmos?
A multidão olhou para o louco em silêncio e perplexidade. Por fim, ele joga o
lampião no chão. Cheguei muito cedo - ele disse - esse acontecimento incrível
ainda está a caminho. Ainda não atingiu os ouvidos do ser humano.” Você vê? O
ser humano ainda não compreendera o que fizera ao matar a Deus. Mas Nietzsche
predisse que, um dia, as pessoas perceberiam as consequências do ateísmo e que
essa percepção iniciaria uma era de niilismo: a destruição de todo significado
e valor da vida. "O fim do cristianismo, escreveu Nietzsche, significa o
advento do niilismo. Esse mais terrível de todos os hóspedes já está à porta.
Toda a nossa cultura européia está há algum tempo em movimento, escreveu
Nietzsche, numa tensão torturante que está crescendo a cada década, como na
iminência de uma catástrofe: sem descanso, com violência, precipitado, como m
rio que quer chegar ao fim, que não reflete mais, que tem medo de refletir.” A
maioria das pessoas ainda não reflete sobre as consequências do ateísmo. E,
assim, como a multidão no mercado, continuam seu caminho sem saber. Mas quando
entendermos, como Nietzsche, as consequências do que o ateísmo implica, e
quando encararmos resolutamente o ateísmo como Nietzsche teve a coragem de
fazer, sua pergunta pesará sobre nós: "Como nós, os maiores dos
assassinos, consolaremos a nós mesmos?"
Bem, me parece que,
confrontados com essa situação, temos três alternativas. Número 1: cometer
suicídio. Encarando o absurdo da vida, devemos apenas terminá-la agora. Camus
considerou o suicídio como a única questão filosófica séria: Vale a pena
continuar vivendo? E, às vezes, sabemos de pessoas que responderam "não."
Hoje nos EUA, a principal causa de morte entre os adolescentes é o suicídio.
Mas, para a maioria de nós, o suicídio não é a resposta. Os prazeres que a vida
nós dá e o temor do desconhecido nos compelem a continuar vivendo. A segunda
alternativa é encarar o absurdo da vida e viver bravamente. O filósofo ateu
Bertrand Russel disse, por exemplo, que "apenas na firme fundação do
desespero inflexível pode a habitação da alma ser seguramente construída."
Camus disse que devemos simplesmente reconhecer o absurdo da vida e viver em
amor mútuo. Mas o problema com essa alternativa é que é impossível viver de
forma consistente e feliz nessa visão de mundo. O homem não pode viver como se
vida não tivesse significado, valor e propósito. Então, o que as pessoas
subconscientemente fazem? Elas supõem que suas vidas têm significado, valor e
propósito mesmo sem ter o direito de supor isso, já que o homem moderno não
acredita em Deus. E eu gostaria de olhar novamente para essas três áreas onde
vimos que a vida é absurda sem Deus e mostrar como o homem moderno fracassa em
viver de forma consistente e feliz nessa visão de mundo. Primeiro, a área do
significado. Nós vimos que, sem Deus, a vida é sem significado fundamental.
Porém, os filósofos continuam a viver como se vida tivesse significado! Por
exemplo, Jean Paul Sartre argumentou que uma pessoa pode criar significado para
sua vida livremente escolhendo um estilo de vida. O próprio Sartre escolheu o
Marxismo. Agora, esse programa é totalmente inconsistente! É inconsistente
dizer, por um lado, que a vida é absurda e dizer, por outro lado, que uma
pessoa pode criar significado para sua vida. Pois, se a vida é objetivamente
absurda, o ser humano está preso! Sem Deus, não pode haver significado objetivo
na vida. O programa de Sartre é, na verdade, um exercício em auto-ilusão! Pois,
o Universo não ganha realmente um significado só porque eu lhe dei um! E eu
acho que isso é óbvio. Pois, suponha que você dá ao Universo um significado e
eu dou outro. Quem está certo? Bem, eu acho que a óbvia resposta é: nenhum dos
dois. Pois o Universo continua intrinsecamente sem significado,
independentemente do que nós o considerarmos. Sartre está, na verdade, dizendo
"vamos fazer de conta que o universo tem significado." E isso é
apenas enganar a si mesmo. O ponto é esse: se Deus não existe, a vida é
objetivamente sem significado. Mas, o ser humano não pode viver de forma
consistente e feliz, se a vida é sem significado. Então, para ser feliz, ele
inventa certos propósitos e projetos para a vida e finge que eles dão
significado à sua vida. Mas isso é, claramente, totalmente inconsistente pois,
sem Deus, o homem e o Universo são sem significado fundamental. Voltemos agora
para o problema do valor. É aqui onde as mais claras inconsistências aparecem.
Em primeiro lugar, humanistas ateístas são totalmente inconsistentes em se
apegar aos valores do amor humano e da fraternidade. Camus foi corretamente
criticado por inconsistentemente afirmar o absurdo da vida, por um lado, e as
éticas do amor humano e da fraternidade, por outro lado. Os dois são
logicamente incompatíveis. Como um filósofo escreveu, "é impossível gerar
uma ética de amor fraternal a partir de uma filosofia de niilismo."
Bertrand Russel também era inconsistente, pois, embora ele fosse um ateu,
Russel também foi um crítico social público, denunciando guerra e restrições à
liberdade sexual. Russel admitiu que ele não podia viver como se os valores
morais fossem simplesmente as expressões de gosto pessoal e que, por isso, ele
achava as suas próprias visões "inacreditáveis." "Eu não sei a
solução," ele confessou. O ponto é que, se Deus não existe, então certo e
errado absolutos não existem. Como Dostoievsky disse, "Todas as coisas são
permitidas." Mas Dostoievsky também mostrou que o homem não pode viver assim.
Ele nos mostra isso, por exemplo, em seu romance "Crime e Castigo",
onde um jovem ateu brutalmente assassina uma velha mulher. Embora ele saiba
que, nas suas pressuposições, ele não deveria sentir-se culpado, mesmo assim,
ele é consumido por culpa até que finalmente confessa seu crime e dá sua vida a
Deus. Na sua obra-prima "Os Irmãos Karamazov", Dostoievsky conta como
um homem assassina seu pai porque seu irmão Ivan lhe contou que Deus não existe
e que, portanto, não há absolutos morais. O homem diz a Ivan que, na verdade,
foi o próprio Ivan que assassinou seu pai, pois foi Ivan que disse que os
absolutos morais são ilusórios. Incapaz de viver com as consequências lógicas
de seu próprio sistema, Ivan sofre um colapso mental. O homem não pode viver como
se valores morais não existissem. Ele não pode viver como se não fosse errado
soldados massacrar crianças inocentes. Ele não pode viver como se não fosse
errado regimes ditatoriais seguir programas sistemáticos de tortura física de
prisioneiros políticos. Ele não pode viver como se não fosse errado ditadores
como Pol Pot ou Slobodan Milosevic impiedosamente cometer limpeza étnica e
genocídio contra seu próprio povo. Tudo nele clama para dizer que esses atos
são errados, realmente errados! Mas, se Deus não existe, ele não pode. E,
assim, ele dá um salto de fé e afirma esses valores assim mesmo. E quando ele o
faz, ele revela como é inadequado um mundo sem Deus. O horror de um Universo
ateísta foi trazido a mim poderosamente há alguns anos atrás através de um
documentário televisionado da BBC chamado "A Reunião." Ele mostrava
entrevistas com sobreviventes do Holocausto que haviam se reunido em Jerusalém
para compartilhar suas experiências e redescobrir amizades perdidas. Agora, eu
havia visitado campos de concentração na Europa e ouvido histórias do
Holocausto antes e eu achei que estava livre de ser chocado por mais relatos de
horror. Mas, ouvindo essas entrevistas, eu descobri que não estava. Uma mulher,
por exemplo, contou sobre como ela foi encarcerada em Auschwitz e foi forçada,
por ser enfermeira, a se tornar a ginecologista de Auschwitz. Ela notou que o
Dr. Mengele colocou todas as mulheres grávidas juntas em um alojamento. E,
algum tempo passou, e ela não viu mais essas mulheres. Ela fez perguntas: "O
que aconteceu com aquelas mulheres que foram colocadas naqueles
alojamentos?" "Oh, você não ouviu? - veio a resposta - O Dr. Mengele
as usou para vivissecção." Um rabino contou a história de uma mulher no
campo que tinha uma pequena criança. Dr. Mengele queria fazer experimentos para
ver quando tempo uma criança podia sobreviver sem nutrição. Então, ele amarrou
os seios dessa mulher para que ela não pudesse amamentar seu bebê. E, todos os
dias, o bebê perdia peso, o que era ansiosamente monitorado pelo Dr. Mengele.
Desesperadamente, essa pobre mulher tentava manter o bebê vivo alimentando-o
com pedaços de pão molhados com café, mas sem resultados. Todos os dias, o bebê
perdia peso e, todos os dias, o Dr. Mengele pesava o bebê para verificar seu
declínio. Então, uma enfermeira veio secretamente a essa mulher e disse,
"eu trouxe uma injeção de morfina para você matar seu bebê. E você pode
sair desse lugar. Eu arranjei um escape para você, mas você não pode trazer o
bebê consigo." A mulher protestou, "Eu não posso matar minha própria
criança!" Ela disse, "Veja, o bebê vai morrer de qualquer forma, pelo
menos salve a si mesma." Então, essa mãe se sentiu compelida a tirar a
vida de sua própria criança. Meu coração estava rasgado ao ouvir essas histórias!
O rabino em Auschwitz disse que era como se existisse um mundo onde todos os 10
mandamentos fossem invertidos. Mentirás! Matarás! Furtarás! A humanidade nunca
viu um inferno como esse! Porém, em um senso real, se Deus não existe, então,
nosso mundo é Auschwitz! Não há certo e errado absolutos! Todas as coisas são
permitidas! Mas nenhum ateu, nenhum agnóstico, pode viver de forma consistente
e feliz nessa visão de mundo. Finalmente, vejamos o problema do propósito na
vida. A única forma como a maioria das pessoas que nega um propósito na vida
consegue viver com felicidade é inventando algum propósito para sua vida, que é
auto-ilusão, como vimos com Sartre ou não levando suas visões à suas conclusões
lógicas. Por exemplo, veja o problema da morte. De acordo com o psicologista
Ernst Bloch, a única forma como o homem moderno vive em face da morte é
subconscientemente emprestando a crença na imortalidade que seus antepassados
tinham, embora ele mesmo não tenha base para essa crença, pois ele não acredita
em Deus. Bloch conclui: "Assim, essa coragem superficial se banqueteia com
um cartão de crédito emprestado. Ela vive de esperanças antigas e do suporte
que elas davam.” Mas, o homem moderno não tem mais direito a esse suporte
porque ele rejeita a Deus. E, para viver com propósito diante da morte, ele dá
um salto de fé afirmando uma razão para viver. Muitas vezes encontramos a mesma
inconsistência entre aqueles que dizem que o homem e o Universo vieram a
existir por nenhum propósito ou, apenas por acaso. Por exemplo, feministas
fizeram uma tempestade de protestos sobre a psicologia sexual de Freud porque,
elas dizem, é machista e degradante para as mulheres. E alguns psicologistas se
submeteram e revisaram suas teorias. Agora, isso é totalmente inconsistente! Se
a psicologia freudiana é realmente verdadeira, então, não importa se é
degradante para as mulheres! Você não pode mudar a verdade porque não gosta de
aonde ela leva. Mas as pessoas não podem viver de forma consistente e feliz, em
um mundo onde outras pessoas são desvalorizadas. Mas, se Deus não existe,
ninguém possui qualquer valor! Apenas se Deus existe podemos consistentemente
sustentar os direitos das mulheres. Pois, se Deus não existe, a seleção natural
dita que o macho da espécie é o dominante e agressivo. As mulheres não teriam
mais direitos do que uma fêmea cabra ou galinha! Na natureza, aquilo que existe
é certo! Mas quem pode viver com uma visão assim? Aparentemente, nem mesmo os
psicólogos freudianos, que revisaram suas teorias quando levados às suas
conclusões lógicas. Ou, veja o comportamentalismo social, de um homem como B.F.
Skinner. Essa visão leva ao tipo de sociedade imaginada por George Orwell no
livro "1984" onde o governo controla e programa os pensamentos de
todos. Se o cachorro de Pavlov pode ser levado a salivar quando a campainha
toca, também pode o ser humano! E, se as teorias de Skinner estão certas, não
pode haver nenhuma objeção moral a tratar pessoas como os ratos da caixa de
ratos de Skinner enquanto elas correm pelos seus labirintos condicionados por
comida e choques elétricos. De qualquer forma, segundo Skinner, todas nossas
ações são programadas! E, se Deus não existe, nenhuma objeção moral pode ser
levantada contra esse tipo de programa pois o homem não seria qualitativamente
diferente de um rato pois ambos são apenas o resultado de matéria + tempo +
acaso. Mas, novamente, quem pode viver com uma visão tão desumana? Ou,
finalmente, veja o determinismo biológico, de um homem como Francis Crick. A
conclusão lógica é que o homem é como qualquer outro espécime de laboratório. O
mundo ficou horrorizado quando descobriu que, em campos como Dachau, os
nazistas usaram prisioneiros para experimentos médicos em seres humanos. Mas,
por que não? Se Deus não existe, não pode haver nenhuma objeção a usar pessoas
como cobaias humanas. Um memorial em Dachau diz "Nie wieder!" Nunca
Mais! Mas esse tipo de coisa continua a acontecer. Foi recentemente revelado
que, nos EUA pós-guerra, várias pessoas de grupos de minoria receberam, sem
saber, injeções de drogas esterilizantes por pesquisadores médicos. Não devemos
protestar que isso é errado, que as pessoas são mais do que apenas máquinas
eletroquímicas? O resultado dessa visão é controle populacional no qual os
fracos e os indesejáveis são eliminados para dar lugar ao forte. Mas a única
forma como podemos consistentemente protestar contra essa visão é se Deus
existe. Apenas se Deus existe pode haver propósito na vida. E, assim, como um
escritor moderno disse, "se Deus está morto, o homem também está morto."
O homem não pode viver de forma consistente e feliz se a vida não tiver
significado, valor e propósito. O mundo finito é insuficiente para manter uma
vida feliz e consistente.
Mas isso nos leva à
terceira e final alternativa: Desafiar a visão de mundo do homem moderno.
Manter que Deus existe e que a vida possui significado, valor e propósito. Essa
é a posição do Cristianismo bíblico. O Cristianismo bíblico, assim, soluciona a
situação do homem moderno. Pois, de acordo com a visão de mundo Cristã, Deus
existe e a vida não acaba na cova. E, portanto, o Cristianismo bíblico fornece
os dois pré-requisitos para uma vida feliz e consistente: Deus e a
imortalidade. De acordo com a visão de mundo Cristã, a vida tem significado
porque a humanidade foi feita à imagem pessoal de Deus e o nosso destino é
conhecer a Deus e desfrutar dEle em Seu amor eternamente. A vida possui valor,
porque a própria natureza santa e justa de Deus é o padrão absoluto de certo e
errado, bem e mal. E essa natureza é expressa a nós na forma de Seus mandamentos
divinos que se constituem em nossos deveres morais. E, assim, as escolhas
morais que fazemos agora, nessa vida, são cheias de significado eterno.
Finalmente, a vida tem propósito. Como a declaração de Westminster diz: "O
objetivo do homem é glorificar a Deus e desfrutar dEle eternamente."
Assim, o Cristianismo bíblico é bem sucedido precisamente onde o ateísmo
fracassa. O órfão cósmico pode voltar para casa.
Agora, eu quero deixar
claro que nada disso prova que o Cristianismo bíblico é verdadeiro. Mas eu acho
que deixa bem claras as alternativas que temos. Se Deus não existe, a vida é
fútil. Se o Deus da Bíblia existe, a vida tem significado. Apenas a segunda
dessas duas alternativas nos possibilita viver uma vida feliz e consistente. E,
assim, me parece que, mesmo que as evidências a favor e contra essas duas
alternativas fossem absolutamente iguais, a coisa racional a se fazer é
acreditar em Deus. Quero dizer: se as evidências fossem iguais, seria
positivamente irracional preferir morte, futilidade e destruição à vida,
significado e felicidade! Como Pascal escreveu, "Não temos nada a perder e
a infinidade a ganhar."
Fonte: Scribd
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