quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O PROJETO

Artigo de Raimundo Luan Hadney de Luna Gonçalo

         Após formar-se com grande êxito na universidade, um jovem arquiteto resolveu fazer o projeto que seria sua obra prima, que o faria conhecida e lhe abriria grandes possibilidades de irrefutável sucesso.
         Pôs-se, então, a pensar, calcular e desenhar. Muitas vezes recorreu a seus apontamentos, escritos muito cuidadosamente durante a época dos seus estudos acadêmicos. Outras vezes ainda, buscava orientações com outros arquitetos que já haviam posto em prática seus projetos e estes davam conselhos de grande valia ao seu novo colega, mas sempre frisando que um projeto tão importante quanto aquele deveria ser expressão real da alma do arquiteto.
         Passou muitas noites em claro, pois sua mente não parava de lhe dar ideias de novas formas e linhas a serem postas no projeto. Levantava várias vezes da cama para calcular e escrever, numa ansiedade angustiante, pois sabia que era capaz de desenhar e pôr em prática qualquer projeto que quisesse. Foi esta ansiedade que o levou à primeira frustração.
         Observando a beleza de seu projeto e achando que já o havia concluído, foi correndo mostrar a seus amigos que, por sinal, também estavam projetando suas obras primas. Eles, compartilhando a felicidade do amigo, foram todos juntos ao Grande Empreiteiro, paro o qual praticamente todos os jovens arquitetos iam em busca da realização prática de seus projetos. Todos receberam uma análise razoável de seus trabalhos, acompanhadas de orientações para melhorá-los. Mas nosso amigo arquiteto, para sua grande tristeza, recebeu seu projeto com uma grande tarja vermelha onde se lia: “Reveja tudo!”
         Arrasado, quis desistir de tudo. Penso logo em refazer o projeto diminuindo-o drasticamente ao básico.
         Ao verem a tristeza e o desânimo em que estava nosso protagonista, os seu amigos buscavam reanimá-lo, pois sabiam que tinha grandes capacidades e que este seu primeiro grande erro não era nada comparado a suas possibilidades. Para isto, tiveram de pedir ajuda a um dos seus mestres da faculdade, aquele que foi um dos maiores incentivadores dos alunos e, principalmente, do seu amigo.
         A conversa que o nosso arquiteto teve com o seu mestre lhe deu novo ânimo, e ele, ousadamente, começou a trabalhar sobre o mesmo projeto inicial, empenhando-se em aperfeiçoá-lo. Muito grato a seus amigos, começou a ajudá-los em seus projetos, recebendo deles ajuda recíproca, formando assim um grande grupo de estudos e aperfeiçoamento.
         Finalmente viu que tudo já estava realmente pronto. Belíssimo! Seus amigos também tinham terminado seus projetos. Agora tinham de apresentá-los outra vez ao Grande Empreiteiro, que foi o principal orientador de todos os projetos, para que fossem aprovados e postos em prática. Esta avaliação teria de ser individual, como uma entrevista, cara-a-cara.
         Chegou então a vez de nosso jovem amigo. Todos os seus amigos já tinham os seus projetos aprovados já podendo pô-los em prática. Com o coração acelerado ele entra no escritório do “Chefão” e mostra-lhe o projeto. Depois de olhá-lo por bastante tempo, observando cada detalhe, cada curva, cada linha, o Empreiteiro abre um imenso sorriso de satisfação e lhe diz:
˗ Muito bem! Perfeito!
Aquilo deixou o nosso amigo arquiteto extasiado. Estava a ponto de explodir, de pular, de gritar, quando ouve...:
˗ Porém, não é isto que eu quero para você.
         Diante daquelas palavras tudo voltou a ser escuro. Ele quase desmaiou. Vendo a situação na qual tinha deixado o seu jovem pupilo, o homem continuou:
         ˗Não te preocupes! Teu projeto está perfeito, é algo que, se posto em prática, te daria muito prestígio e sucesso, mas eu tenho um projeto bem maior e mais importante que este, no qual, desde que tu te formaste, venho querendo te incluir como parte de minha equipe. Mas a decisão será tua, pois este projeto, o mais importante de todos, não te dará prestígio, fama ou poder diante do mercado e da sociedade, mas te edificará diante de mim e de meus colaboradores.
         O rapaz ficou preocupado e pediu um tempo para pensar, o que lhe foi prontamente concedido.
         Ao sair do escritório, todos os que o estavam esperando perceberam em seu semblante uma grande preocupação, mas não compreendiam o porquê, visto que seu projeto vinha com o carimbo verde de “Aprovado”.
         Ele explicou tudo a seus amigos. Alguns não entenderam e o aconselharam a não trocar o certo pelo duvidoso. Já outros, aqueles mais próximos dele, mesmo sabendo que ele não conseguiria fama e prestígio, o aconselharam a não descartar a proposta do Grande Empreiteiro, pois confiavam muito nele e sabiam que este grande projeto que ele tem é algo que todos podem ajudar, no entanto, ele só chamava mais diretamente aqueles que ele queria para trabalharem de forma integral, doando-se por inteiro. De fato, todos eram convidados a contribuir com a realização do grande projeto, mas muitos homens e mulheres tinham sido chamados para trabalhar nele com exclusividade, e eram felizes lá.
         Após muitas conversas com seus amigos e antigos professores, sua melhor amiga, que também era arquiteta, fez uma pergunta que ecoou no coração do nosso jovem e confuso amigo:
         ˗ Por que não se entregar nas mãos daquele que nunca nos deixou sozinhos? Confiamos nele para nos orientar. Confie nele!
         Esta pergunta também foi repetida pelos seus outros amigos e, finalmente, ficou gravada no coração e na mente do nosso jovem amigo. Então, após muito refletir ele tomou sua decisão.
         Procurou outra vez o Grande Empreiteiro e disse que estava disposto a largar mão de seu projeto de vida e ingressar na grande empreitada por outros já iniciada. O Grande Empreiteiro ficou radiante de felicidade, pois já havia projetado algo em que o nosso arquiteto se encaixaria perfeitamente. Saíram, então, para visitar aquela tão grande e misteriosa construção.
          Para a surpresa do nosso jovem arquiteto, a tal obra estava o tempo todo entre as obras de todas as outras pessoas. Até então ele ainda não a tinha enxergado, mas era algo com o qual todos contribuíam e cada vez mais eram chamados a o contribuir de forma mais intensa. Os seus olhos se abriram mais e ele viu que muitos de seus amigos, ao mesmo tempo em que começavam a cavar os alicerces de suas obras, construíam paralelamente a obra do Grande Empreiteiro.
         Sempre acompanhado de seu chefe, ele observou que a extensão da obra era enorme, o que exigia muito trabalho e muitos trabalhadores, mas ao mesmo tempo era formada tanto por grandes pavimentos com várias pessoas trabalhando unidas, quanto por pequenas casas onde cada um construía paralelamente à construção de sua vida. Todos trabalhavam em sintonia, em um projeto único formado por pequenas e grandes obras, movidos pela força extraordinária que é o Amor.
         Chegaram, então, a um ponto da grande obra onde o Empreiteiro mostrou no que o nosso jovem arquiteto já tinha contribuído, mesmo sem saber, na grande construção. Era apenas uma sala, onde estava uma escrivaninha e uma pilha de livros.
         Nosso amigo, sem compreender como havia construído aquilo, questionou o Grande Empreiteiro, querendo saber também o que significava. O Empreiteiro respondeu:
         ˗ Adquiriste até aqui um valiosíssimo conhecimento e valorizaste, até então, tua intelectualidade. Construíste isto usando aquilo que tu sabes para educares e trazeres crianças para minha construção. Mas eu não quero que continues sozinho.
         Após falar isto, o levou para um enorme condomínio em construção, onde todos os que nele trabalhavam, mesmo com seus traços particulares, entravam em harmonia na construção de casas parecidas e unidas umas com as outras, como que conjugadas. Então o Empreiteiro falou:
         ˗ É aqui que eu quero que tu trabalhes. Todos estes homens têm jeitos diferentes de ser, mas unem seus esforços para construírem um condomínio na minha grande obra.
         O jovem arquiteto olhou ao seu redor e viu que havia outras obras construídas com a mesma forma de trabalho, mas com características totalmente diferentes e igualmente belas. Observou-as, admirou-as e, voltando-se para o condomínio indicado pelo Grande Empreiteiro começou a trabalhar.
         Viu que o trabalho exigia muitos esforços, ele errava muito, mas era sempre auxiliado pelos seus irmãos que trabalhavam na construção. Antes de voltar, o Grande Empreiteiro chamou-o e disse-lhe:
         ˗ Não te preocupes com teus erros, meu filho é o mestre de obras desta grande construção, ele vai te orientar. Ele mesmo, obedecendo a mim, iniciou esta obra, e dá a vida por ela e pelos seus trabalhadores. Por ele, estarei contigo sempre.
         Assim, nosso jovem arquiteto continua seu trabalho, colocando seus traços na grande obra. Encontrou novos amigos, verdadeiros irmãos. Alguns já haviam construído grandes obras fora da obra do Grande Empreiteiro, tinham tudo para, assim como a grande maioria das pessoas, contribuírem de forma menos radical na construção. No entanto, largaram tudo e vieram entregar-se integralmente à obra do Grande Empreiteiro.
         Durante seu trabalho, o nosso jovem arquiteto viu alguns dos seus irmãos deixarem o trabalho incompleto e voltarem para seus projetos de vida originais. Outros, não construíam direito e sempre deixavam lacunas nos trabalhos que faziam. Mas existiam aqueles que se mostravam verdadeiros trabalhadores, esforçados e animados. Eram estes que traziam notáveis desenvolvimentos para a grande construção.
         Até hoje o nosso amigo está trabalhando, caindo, levantando, buscando aperfeiçoar-se para construir uma magnífica obra que ele nem sabe se vai ver concluída, assim como muitos outros que lá estão, mas na qual ele tem a certeza de estar sua realização plena e o sentido real de sua existência. Ainda está no início de tudo o que vai construir para contribuir com a grande obra de muitas moradas do Grande Empreiteiro.
         O nome desta grande construção está escrito em um livro enorme que serve de porta para esta verdadeira cidade da paz. Ele é:

“REINO DE DEUS”




sábado, 24 de novembro de 2012

Salesianidade


ESTREIA 2013

"Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos!" (Fl 4:4)

 Como Dom Bosco educador,
ofereçamos aos jovens o Evangelho da alegria
mediante a pedagogia da bondade


Caríssimos Irmãos e Irmãs da Família Salesiana,
Depois de ter centrado a atenção na história de Dom Bosco e procurado compreender melhor a sua vida, marcada pela predileção pelos jovens, a Estreia 2013 tem por objetivo aprofundar a sua proposta educativa. Concretamente, queremos aproximar-nos de Dom Bosco educador. Trata-se, pois, de aprofundar e atualizar o Sistema Preventivo.
Também nesta tarefa, a nossa abordagem não é apenas intelectual. Por um lado, é certamente necessário um estudo aprofundado da pedagogia salesiana, para atualizá-la segundo a sensibilidade e as exigências do nosso tempo. Hoje, de fato, os contextos sociais, econômicos, culturais, políticos, religiosos, nos quais estamos a viver a vocação e a realização da missão salesiana, estão profundamente alterados. Por outro lado, para uma fidelidade carismática ao nosso Pai, é igualmente necessário fazer nosso o conteúdo e o método da sua oferta educativa e pastoral. No contexto da sociedade atual, somos chamados a sermos santos educadores como ele, entregando como ele a nossa vida, trabalhando com e pelos jovens.

À REDESCOBERTA DO SISTEMA PREVENTIVO

Ao repensar a experiência educativa de Dom Bosco, somos chamados hoje a privilegiá-la com fidelidade. Ora, para uma correta atualização do Sistema Preventivo, mais do que pensar imediatamente em programas, fórmulas, ou insistir em slogans genéricos e bons para todas as estações, o nosso esforço hoje será, antes de tudo, o da compreensão histórica do método de Dom Bosco. Trata-se, em concreto, de analisar como foi diversificada a sua ação pelos jovens, pelo povo, pela Igreja, pela sociedade, pela vida religiosa, e também como foi diversificado o seu modo de educar os jovens do primeiro Oratório festivo, do pequeno seminário de Valdocco, dos clérigos salesianos e não salesianos, dos missionários. Pode-se observar, porém, como já estivessem presentes no primeiro Oratório da casa Pinardi algumas intuições importantes que serão em seguida conquistadas em seu valor mais profundo de complexa síntese humanístico-cristã:
uma estrutura flexível, qual obra de mediação entre Igreja, sociedade urbana e faixas populares juvenis;
o respeito e a valorização do ambiente popular;
a religião como fundamento da educação, segundo o ensinamento da pedagogia católica transmitida a ele pelo ambiente do Colégio Eclesiástico;
o entrelaçamento dinâmico entre formação religiosa e desenvolvimento humano, entre catequese e educação;
a convicção de que a instrução constitui o instrumento essencial para iluminar a mente;
a educação, assim como a catequese, que se desenvolve em todas as expressões compatíveis com a escassez de tempo e recursos;
a plena ocupação e valorização do tempo livre;
a cordialidade como estilo educativo e, mais em geral, como estilo de vida cristã.

Uma vez conhecido corretamente o passado histórico, é preciso traduzir para hoje as grandes intuições e virtualidades do Sistema Preventivo. É preciso modernizar os seus princípios, conceitos, orientações originárias, reinterpretando no plano teórico e prático tanto as grandes ideias de fundo, quanto as grandes orientações de método. Tudo isso em vista da formação de jovens "novos" do século XXI, chamados a viver e confrontar-se com uma vastíssima e inédita gama de situações e problemas, em tempos decisivamente alterados, nos quais as próprias ciências humanas estão em fase de reflexão crítica.
Desejo, de modo particular, sugerir três perspectivas, analisando mais profundamente a primeira delas.

1. O relançamento do "honesto cidadão" e do "bom cristão"

Num mundo profundamente alterado em relação ao do século XIX, atuar a caridade segundo critérios angustos, locais, pragmáticos, esquecendo as mais amplas dimensões do bem comum, de alcance nacional e mundial, seria uma grave lacuna de ordem sociológica e também teológica. Conceber a caridade apenas como esmola, como auxílio emergencial, significa correr o risco de mover-se no âmbito de um "falso samaritanismo".
É-nos imposta, portanto, uma reflexão profunda, primeiramente em nível especulativo. Ela deve estender a sua consideração a todos os conteúdos relativos ao tema da promoção humana, juvenil, popular, dando atenção, ao mesmo tempo, às diversas considerações qualificadas filosófico-antropológicas, teológicas, científicas, históricas, metodológicas que sejam pertinentes. Esta reflexão deve, pois, concretizar-se no plano da experiência e da reflexão operativa dos indivíduos e das comunidades.
Devemos caminhar na direção de uma reconfirmação atualizada da "opção sociopolítica-educativa" de Dom Bosco. O que não significa promover um ativismo ideológico, ligado a certas escolhas político-partidárias, mas formar para uma sensibilidade social e política, que leve, em todo caso, a investir a própria vida pelo bem da comunidade social, empenhando a vida como missão, com uma referência constante aos inalienáveis valores humanos e cristãos. Dito em outros termos, a reconsideração da qualidade social da educação deveria incentivar a criação de experiências explícitas de empenho social no sentido mais amplo.

Perguntemo-nos: a Congregação Salesiana, a Família Salesiana, as nossas Inspetorias, grupos e casas estão fazendo todo o possível nessa direção? A sua solidariedade com a juventude é apenas um ato de fato, gesto de entrega, ou também contribuição de competência, resposta racional, adequada e pertinente às necessidades dos jovens e das classes sociais mais frágeis?

Dever-se-ia dizer o mesmo do relançamento do "bom cristão". Dom Bosco, "inflamado" de zelo pelas almas, compreendeu a ambiguidade e a periculosidade da situação, contestou os seus pressupostos, encontrou formas novas de opor-se ao mal, embora com a escassez de recursos (culturais, econômicos...) de que dispunha. Trata-se de revelar e ajudar a viver conscientemente a vocação de homem, a verdade da pessoa. E, justamente nisso, os crentes podem dar a sua contribuição mais preciosa.
Como, porém, atualizar o "bom cristão" de Dom Bosco? Como salvaguardar hoje a totalidade humano-cristã do projeto em iniciativas formal ou prevalentemente religiosas e pastorais, contra os perigos de antigos e novos integrismos e exclusivismos? Como transformar a educação tradicional, cujo contexto era uma "sociedade monorreligiosa", numa educação aberta e ao mesmo tempo crítica diante do pluralismo contemporâneo? Como educar e viver autonomamente e ao mesmo tempo participar de um mundo plurirreligioso, pluricultural, pluriétnico? Diante da atual superação da pedagogia tradicional da obediência, adequada a certo tipo de eclesiologia, como promover a pedagogia da liberdade e da responsabilidade, que se dirige à construção de pessoas responsáveis, capazes de decisões livres maduras, abertas à comunicação interpessoal, inseridas ativamente nas estruturas sociais, em atitude não conformista, mas construtivamente crítica?

2. Retornar aos jovens com maior qualificação

Foi entre os jovens que Dom Bosco elaborou o seu estilo de vida, o seu patrimônio pastoral e pedagógico, o seu sistema, a sua espiritualidade. Missão salesiana é consagração, é "predileção" pelos jovens e tal predileção, no seu estado inicial, nós o sabemos, é um dom de Deus, mas cabe à nossa inteligência e ao nosso coração desenvolvê-la e aperfeiçoá-la.
Para ser incisiva, a fidelidade à missão, portanto, deve ser posta em contato com os "nós" da cultura de hoje, com as matrizes da mentalidade e dos comportamentos atuais. Estamos diante de desafios realmente grandes, que exigem seriedade de análise, pertinência de observações críticas, confronto cultural profundo, capacidade de compartilhar a situação psicológica e existencialmente. E, para nos limitarmos a algumas questões:

Quem são exatamente os jovens aos quais "consagramos" a nossa vida pessoalmente e em comunidade?
Qual é o nosso profissionalismo pastoral, em nível de reflexão teórica sobre os itinerários educativos e em nível de práxis pastoral?
Hoje, a responsabilidade educativa não pode ser senão coletiva, coral, participada. Qual é, então, o nosso "gancho" com a "rede de relações" no território e também além do território em que vivem os nossos jovens?
Se, às vezes, a Igreja se vê desarmada diante dos jovens, por acaso não o serão também os Salesianos ou a Família Salesiana de hoje?

3. Uma educação de coração

Talvez, nas últimas décadas, as novas gerações salesianas experimentem uma sensação de desorientação diante das antigas formulações do Sistema Preventivo: seja porque não sabem como aplicá-lo hoje, seja porque, inconscientemente, o imaginam como "relação paternalista" com os jovens. Quando, porém, contemplamos Dom Bosco, visto em sua realidade vivida, descobrimos nele uma superação instintiva e genial do paternalismo educativo inculcado por séculos por grande parte da pedagogia anterior a ele (séculos XVI-XVIII).

Podemos perguntar-nos: os jovens e adultos de hoje entram ou podem entrar no coração do educador salesiano? O que eles vão encontrar? Um tecnocrata, um comunicador hábil, mas vazio, ou uma humanidade rica, completa e animada pela Graça de Jesus Cristo, no Corpo Místico etc.?

A partir do conhecimento da pedagogia de Dom Bosco, os grandes pontos de referência e os comprometimentos da Estreia de 2012 são estes:
O 'evangelho da alegria', que caracteriza toda a história de Dom Bosco e é a alma das suas múltiplas atividades. Dom Bosco captou o desejo de felicidade presente nos jovens e harmonizou a sua alegria de viver com as linguagens da alegria, do pátio e da festa; mas jamais deixou de indicar a Deus qual fonte da verdadeira alegria.
A pedagogia da bondade. A amorevolezza de Dom Bosco é, sem dúvida, um traço característico da sua metodologia pedagógica tida também hoje como válida, quer nos contextos ainda cristãos quer naqueles onde vivem jovens pertencentes a outras religiões. Contudo, ela não pode ser reduzida só a um princípio pedagógico, mas deve ser reconhecida como elemento essencial da nossa espiritualidade.
O Sistema Preventivo, que representa a síntese da sabedoria pedagógica de Dom Bosco e constitui a mensagem profética que ele deixou aos seus herdeiros e a toda a Igreja. É uma experiência espiritual e educativa que se funda na razão, na religião e na amorevolezza.
A educação é coisa do coração. "A pedagogia de Dom Bosco, escreveu Pietro Braido, se identifica com toda a sua ação; e toda a sua ação com a sua personalidade; e Dom Bosco inteirinho está concentrado definitivamente em seu coração".[1] Eis a grandeza e o segredo do seu sucesso como educador. "Afirmar que o seu coração fora entregue inteiramente aos jovens, significa dizer que toda a sua pessoa – inteligência, coração, vontade, força física –, todo o seu ser estava orientado para fazer-lhes o bem, promover-lhes o crescimento integral, desejar-lhes a salvação eterna".[2]
A formação do honesto cidadão e do bom cristão. Formar "bons cristãos e honestos cidadãos" é a intencionalidade expressada muitas vezes por Dom Bosco para indicar tudo aquilo que os jovens precisam para viver a própria existência humana e cristã em plenitude. A presença educativa no social compreende, então, estas realidades: sensibilidade educativa, políticas educacionais, qualidade educativa da vivência social, cultura.
Humanismo salesiano. Dom Bosco sabia "valorizar tudo o que há de positivo enraizado na vida das pessoas, nas realidades criadas, nos acontecimentos da história. Isso o levava a perceber os valores autênticos presentes no mundo, sobretudo se agradáveis aos jovens; a inserir-se no fluxo da cultura e do desenvolvimento humano do próprio tempo, estimulando o bem e recusando lamentar-se sobre os males; a sábia busca da cooperação de muitos, convencido de que todos possuem dons a serem descobertos, reconhecidos e valorizados; a crer na força da educação que sustenta o crescimento do jovem e o encoraja a ser cidadão honesto e bom cristão; a entregar-se sempre e em qualquer situação à providência de Deus, percebido e amado como Pai".[3]
Sistema Preventivo e Direitos Humanos. A Congregação não tem motivos de existir se não for para a salvação integral dos jovens. A nossa missão, o evangelho e o nosso carisma pedem-nos hoje para percorrer a estrada dos direitos humanos; trata-se de um itinerário e de uma linguagem novos que não podemos transcurar. O sistema preventivo e os direitos humanos interagem, enriquecendo-se reciprocamente. O sistema preventivo oferece aos direitos humanos uma abordagem educativa única e inovadora em relação ao movimento de promoção e proteção dos direitos humanos. Igualmente, os direitos humanos oferecem ao sistema preventivo novas fronteiras e oportunidades de impacto social e cultural como resposta eficaz ao "drama da humanidade moderna, da fratura entre educação e sociedade, da desconexão entre escola e cidadania".[4]

Para uma compreensão profunda e a atuação dos pontos nodais acima indicados é muito útil ler: O Sistema Preventivo na educação da juventude, a Carta de Roma, as Biografias de Domingos Sávio, Miguel Magone, Francisco Besucco, documentos de Dom Bosco que ilustram perfeitamente tanto a sua experiência educativa como as suas escolhas pedagógicas.

P. Pascual Chávez V., SDB
Reitor-Mor




[1] Cf. P. BRAIDO, Prevenir, não reprimir. O sistema educativo de Dom Bosco. São Paulo: Salesiana, 2004, p. 169.
[2] P. RUFFINATO, Educhiamo con il cuore di Don Bosco, in “Note di Pastorale Giovanile”, n. 6/2007, p. 9.
[3] Cf. Carta de identidade carismática da Família Salesiana, Art. 7. Brasília: Editora Dom Bosco, 2012.
[4] Ver P. CHÁVEZ VILLANUEVA, Educação e cidadania. Lectio Magistralis para o Doutorado Honoris Causa da Universidade dos Estudos. Gênova, 23 de abril de 2007, in "Cadernos Salesianos nova série", 2/2010, p.7-28.


Fonte: SDB.ORG

domingo, 18 de novembro de 2012

O Absurdo da Vida sem Deus


Dr. WILLIAM LANE CRAIG
"O homem - escreve Loren Eisley - é o órfão cósmico." Ele é a única criatura no universo que pergunta: “Por quê?" Os outros animais têm instintos para guiá-los, mas o ser humano aprendeu a fazer perguntas. “Quem sou eu?” - ele pergunta. “Por que estou aqui? Para onde estou indo?” Desde o iluminismo, quando o homem moderno se desvencilhou das amarras da religião, ele tentou responder a essas perguntas sem fazer referência a Deus. Mas as respostas que vieram não foram alegres, mas escuras e terríveis: “Você é o subproduto acidental da natureza, um resultado de matéria + tempo + acaso. Não há razão para a sua existência. Tudo o que você tem pela frente é a morte.” O homem moderno pensou que, se livrando de Deus, ele havia se libertado de tudo que o sufocava e reprimia. Em vez disso, descobriu que, ao matar Deus, ele apenas havia conseguido se orfanar. Isso porque, se não há Deus, a vida humana é absurda. É sem significado fundamental, sem valor fundamental e sem propósito fundamental. Eu gostaria que olhássemos cada um desses pontos nessa noite.

Primeiro, a vida é sem significado fundamental. Se cada pessoa deixa de existir quando morre, que sentido fundamental pode ser dado à sua vida? Realmente faz diferença se ela existiu ou não? Pode ser dito que sua vida foi importante porque influenciou outros ou afetou o curso da história. Mas isso mostra apenas um significado relativo da sua vida, não um sentido fundamental. Se todos os acontecimentos são, no final, sem sentido, que sentido há em influenciar qualquer um deles? A humanidade está destinada apenas a perecer na eventual morte incandescente do Universo. E, assim, as contribuições da ciência para os avanços do conhecimento humano, os esforços dos médicos para aliviar dor e sofrimento, os esforços dos diplomatas para manter a paz no mundo, os sacrifícios de pessoas boas no mundo todo para melhorar a sorte da raça humana, no final, tudo isso resulta em nada, não faz nenhuma diferença, nem um pouquinho. Por isso, a vida de cada pessoa não tem sentido fundamental. E, se nossas vidas não têm sentido, as atividades com que as preenchemos também não têm sentido. As longas horas gastas em estudo na universidade, nossas amizades, nossos interesses, nossos empregos, nossos relacionamentos - tudo isso é, em última análise, totalmente sem sentido. Esse é o horror do homem moderno: Por que ele acaba em nada, ele é nada. O homem do século vinte veio a compreender isso. Leia, por exemplo, a peça "À espera de Godot", de Samuel Beckett. Durante toda essa peça, dois homens ficam ocupados numa conversa trivial e tediosa, enquanto esperam chegar um terceiro, que nunca aparece! E nossas vidas são assim, Beckett está dizendo: Nós simplesmente matamos o tempo esperando o quê? Não sabemos. Num trágico retrato do ser humano, Beckett escreveu outra peça, em que a cortina se abre revelando um palco cheio de lixo. E, por trinta longos segundos, a platéia olha, em silêncio, para aquele lixo. Então a cortina se fecha. Isso é tudo. Os existencialistas franceses Jean-Paul Sartre e Albert Camus também compreenderam isso. Sartre retratou a vida em sua peça "Sem saída" como o inferno. A última linha da peça são as palavras de resignação: “Bem, continuemos com isso”. Por isso, Sartre escreve em outro texto sobre a “náusea da existência." O homem, ele diz, está perdido em um barco sem leme, num infinito mar. Camus também via a vida como absurda. A vida, ele disse, é como um homem condenado pela eternidade a rolar uma rocha colina acima, só para vê-la rolar colina abaixo de novo. De novo, de novo, de novo e de novo... No fim do seu curto romance "O Estranho", o herói de Camus descobre num lampejo de compreensão que a vida não tem sentido e que não existe um Deus que lhe dê sentido. O bioquímico francês Jacques Monod pareceu ecoar esses sentimentos quando escreveu em sua obra "Acaso e necessidade": “O ser humano finalmente sabe que está sozinho na indiferente imensidão do universo.” Portanto, se Deus não existe, a própria vida se torna sem sentido fundamental. O ser humano e o universo não têm sentido fundamental.

Segundo, a vida é sem valor fundamental. Se a vida termina no túmulo, não faz diferença se você viveu como um Stalin ou como um santo. Como o escritor russo Fiodor Dostoievsky disse: “Se não há imortalidade, todas as coisas são permitidas”. Com base nisso, um escritor como Ayn Rand está totalmente correto em louvar as virtudes do egoísmo: Viva totalmente para si mesmo! Você não deve satisfações a ninguém! Na verdade, seria tolice viver de qualquer outra forma, porque a vida é curta demais para desperdiçá-la agindo por algo que não seja interesse próprio. Sacrificar-se por outra pessoa seria burrice. Mas o problema torna-se ainda pior. Porque, mesmo que houvesse imortalidade, se não há Deus, não há um padrão absoluto de certo e errado. Tudo o que temos, nas palavras de Jean-Paul Sartre, é "o fato nu e sem valor da existência." Os valores morais são subprodutos socioculturais do processo evolutivo ou meras expressões de gosto pessoal. Num mundo sem Deus, quem dirá quais valores são corretos e quais são errados? Quem julgará que os valores de um Adolf Hitler são inferiores aos de uma Madre Teresa? O conceito de moralidade objetiva perde todo o sentido num universo sem Deus. Não pode haver certo nem errado! Mas, isso significa que é impossível condenar guerra, opressão, brutalidade ou crime como maus. Pelo mesmo motivo, também não podemos louvar fraternidade, igualdade, amor e altruísmo como bons. Porque, em um universo sem Deus, bem e mal não existem. Existe apenas "o fato nu e sem valor da existência," e não há ninguém para dizer que você está certo e eu errado. E, terceiro, a vida é sem propósito fundamental. Se a morte nos espera de braços abertos no fim do curso da nossa vida, para que fim ela foi vivida? Tudo foi a troco de nada? Não há razão para a vida? Não há propósito algum para a raça humana? Será que ela simplesmente desaparecerá algum dia perdida no esquecimento de um universo indiferente? O escritor inglês H. G. Wells anteviu essa perspectiva. Em seu romance "A máquina do tempo", o viajante no tempo de Wells avança para o futuro, para descobrir o destino do ser humano. Tudo o que ele encontra é uma Terra morta, com a exceção de alguns liquens e musgos, orbitando um gigantesco sol vermelho. Os únicos sons são o sopro do vento e o gentil marulhar das ondas do oceano.

Com exceção desses sons sem vida, escreve Wells, o mundo estava em silêncio. Silêncio? Seria difícil descrever como tudo estava quieto. Todos os sons do homem, o balido das ovelhas, o canto dos pássaros, o zumbir dos insetos, a agitação que forma o pano de fundo das nossas vidas - tudo havia passado.

E assim o viajante no tempo de Wells voltou. Mas para o quê? Meramente, para um ponto anterior na mesma corrida sem propósito em direção ao esquecimento. Quando eu, ainda não cristão, li o livro de Wells, pensei: “Não! Não! Não pode terminar assim!” Mas essa é a realidade em um Universo sem Deus. Se não há Deus, o fim será esse, gostemos ou não: não há esperança, não há propósito. Isso me recorda dos versos assustadores de T.S. Eliot:

É assim que o mundo termina. É assim que o mundo termina. É assim que o mundo termina: Não com uma explosão, mas com um gemido.

Se não há Deus, nossa vida não é qualitativamente diferente da de um cão. Sei que isso é duro, mas é verdade. Como disse o antigo escritor do livro de Eclesiastes:

O destino dos filhos dos homens e o destino das bestas é o mesmo. Como morre um, assim morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego de vida e nenhuma vantagem tem o homem sobre as bestas, porque tudo é vazio. Todos vão para o mesmo lugar. Todos procedem do pó e ao pó tornarão.

Nesse livro, que se parece mais com uma peça da literatura moderna existencialista do que com um livro da Bíblia, o autor mostra a futilidade de prazer, riqueza, educação, fama política e honra em uma vida destinada a terminar na morte. Qual é seu veredicto? “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade!” Se a vida termina no túmulo, não temos um propósito fundamental para viver. Espero que você comece a entender a gravidade das alternativas à nossa frente. Porque, se Deus não existe, tudo o que nos resta é o desespero. A vida não teria nem sentido, nem valor, nem propósito. E é por isso que a pergunta da existência de Deus é tão vital para a humanidade.

Infelizmente, a maioria das pessoas não parece perceber esse fato. Por isso, elas continuam cegamente em seu caminho como se nada tivesse mudado. Recordo-me da história contada por Friedrich Nietzsche, o grande ateu do século XIX que proclamou a morte de Deus. Nietzsche conta a história do louco que, nas primeiras horas da manhã, entra no mercado com um lampião na mão, exclamando: “Procuro Deus! Procuro Deus!” E, como muitos à sua volta não creem em Deus, ele provoca muitos risos. "Talvez Deus tenha saído em uma viagem ou emigrado!", eles riem. Então, eles os provocam e zombam dele. Então, escreve Nietzsche, o louco para no meio deles e crava-lhes o olhar: “Onde está Deus?”, ele grita. “Eu lhes direi. Nós o matamos, vocês e eu. Todos nós somos seus assassinos. Mas, como fizemos isso? Como pudemos beber o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? O que fizemos quando desamarramos esta terra do seu sol? Para onde ela está se movendo agora? Para longe de todos os sóis? Não estamos caindo sem parar? Para trás, para os lados, para frente, em todas as direções? Restou algum acima ou abaixo? Não estamos vagando por um nada infinito? Não estamos sentindo a respiração do espaço vazio? Não ficou mais frio? Não está anoitecendo mais e mais? Não devemos acender lampiões de manhã? Não ouvimos apenas o barulho dos coveiros que estão sepultando a Deus? Deus está morto! E nós o matamos! Como nós, os maiores dos assassinos, consolaremos a nós mesmos? A multidão olhou para o louco em silêncio e perplexidade. Por fim, ele joga o lampião no chão. Cheguei muito cedo - ele disse - esse acontecimento incrível ainda está a caminho. Ainda não atingiu os ouvidos do ser humano.” Você vê? O ser humano ainda não compreendera o que fizera ao matar a Deus. Mas Nietzsche predisse que, um dia, as pessoas perceberiam as consequências do ateísmo e que essa percepção iniciaria uma era de niilismo: a destruição de todo significado e valor da vida. "O fim do cristianismo, escreveu Nietzsche, significa o advento do niilismo. Esse mais terrível de todos os hóspedes já está à porta. Toda a nossa cultura européia está há algum tempo em movimento, escreveu Nietzsche, numa tensão torturante que está crescendo a cada década, como na iminência de uma catástrofe: sem descanso, com violência, precipitado, como m rio que quer chegar ao fim, que não reflete mais, que tem medo de refletir.” A maioria das pessoas ainda não reflete sobre as consequências do ateísmo. E, assim, como a multidão no mercado, continuam seu caminho sem saber. Mas quando entendermos, como Nietzsche, as consequências do que o ateísmo implica, e quando encararmos resolutamente o ateísmo como Nietzsche teve a coragem de fazer, sua pergunta pesará sobre nós: "Como nós, os maiores dos assassinos, consolaremos a nós mesmos?"

Bem, me parece que, confrontados com essa situação, temos três alternativas. Número 1: cometer suicídio. Encarando o absurdo da vida, devemos apenas terminá-la agora. Camus considerou o suicídio como a única questão filosófica séria: Vale a pena continuar vivendo? E, às vezes, sabemos de pessoas que responderam "não." Hoje nos EUA, a principal causa de morte entre os adolescentes é o suicídio. Mas, para a maioria de nós, o suicídio não é a resposta. Os prazeres que a vida nós dá e o temor do desconhecido nos compelem a continuar vivendo. A segunda alternativa é encarar o absurdo da vida e viver bravamente. O filósofo ateu Bertrand Russel disse, por exemplo, que "apenas na firme fundação do desespero inflexível pode a habitação da alma ser seguramente construída." Camus disse que devemos simplesmente reconhecer o absurdo da vida e viver em amor mútuo. Mas o problema com essa alternativa é que é impossível viver de forma consistente e feliz nessa visão de mundo. O homem não pode viver como se vida não tivesse significado, valor e propósito. Então, o que as pessoas subconscientemente fazem? Elas supõem que suas vidas têm significado, valor e propósito mesmo sem ter o direito de supor isso, já que o homem moderno não acredita em Deus. E eu gostaria de olhar novamente para essas três áreas onde vimos que a vida é absurda sem Deus e mostrar como o homem moderno fracassa em viver de forma consistente e feliz nessa visão de mundo. Primeiro, a área do significado. Nós vimos que, sem Deus, a vida é sem significado fundamental. Porém, os filósofos continuam a viver como se vida tivesse significado! Por exemplo, Jean Paul Sartre argumentou que uma pessoa pode criar significado para sua vida livremente escolhendo um estilo de vida. O próprio Sartre escolheu o Marxismo. Agora, esse programa é totalmente inconsistente! É inconsistente dizer, por um lado, que a vida é absurda e dizer, por outro lado, que uma pessoa pode criar significado para sua vida. Pois, se a vida é objetivamente absurda, o ser humano está preso! Sem Deus, não pode haver significado objetivo na vida. O programa de Sartre é, na verdade, um exercício em auto-ilusão! Pois, o Universo não ganha realmente um significado só porque eu lhe dei um! E eu acho que isso é óbvio. Pois, suponha que você dá ao Universo um significado e eu dou outro. Quem está certo? Bem, eu acho que a óbvia resposta é: nenhum dos dois. Pois o Universo continua intrinsecamente sem significado, independentemente do que nós o considerarmos. Sartre está, na verdade, dizendo "vamos fazer de conta que o universo tem significado." E isso é apenas enganar a si mesmo. O ponto é esse: se Deus não existe, a vida é objetivamente sem significado. Mas, o ser humano não pode viver de forma consistente e feliz, se a vida é sem significado. Então, para ser feliz, ele inventa certos propósitos e projetos para a vida e finge que eles dão significado à sua vida. Mas isso é, claramente, totalmente inconsistente pois, sem Deus, o homem e o Universo são sem significado fundamental. Voltemos agora para o problema do valor. É aqui onde as mais claras inconsistências aparecem. Em primeiro lugar, humanistas ateístas são totalmente inconsistentes em se apegar aos valores do amor humano e da fraternidade. Camus foi corretamente criticado por inconsistentemente afirmar o absurdo da vida, por um lado, e as éticas do amor humano e da fraternidade, por outro lado. Os dois são logicamente incompatíveis. Como um filósofo escreveu, "é impossível gerar uma ética de amor fraternal a partir de uma filosofia de niilismo." Bertrand Russel também era inconsistente, pois, embora ele fosse um ateu, Russel também foi um crítico social público, denunciando guerra e restrições à liberdade sexual. Russel admitiu que ele não podia viver como se os valores morais fossem simplesmente as expressões de gosto pessoal e que, por isso, ele achava as suas próprias visões "inacreditáveis." "Eu não sei a solução," ele confessou. O ponto é que, se Deus não existe, então certo e errado absolutos não existem. Como Dostoievsky disse, "Todas as coisas são permitidas." Mas Dostoievsky também mostrou que o homem não pode viver assim. Ele nos mostra isso, por exemplo, em seu romance "Crime e Castigo", onde um jovem ateu brutalmente assassina uma velha mulher. Embora ele saiba que, nas suas pressuposições, ele não deveria sentir-se culpado, mesmo assim, ele é consumido por culpa até que finalmente confessa seu crime e dá sua vida a Deus. Na sua obra-prima "Os Irmãos Karamazov", Dostoievsky conta como um homem assassina seu pai porque seu irmão Ivan lhe contou que Deus não existe e que, portanto, não há absolutos morais. O homem diz a Ivan que, na verdade, foi o próprio Ivan que assassinou seu pai, pois foi Ivan que disse que os absolutos morais são ilusórios. Incapaz de viver com as consequências lógicas de seu próprio sistema, Ivan sofre um colapso mental. O homem não pode viver como se valores morais não existissem. Ele não pode viver como se não fosse errado soldados massacrar crianças inocentes. Ele não pode viver como se não fosse errado regimes ditatoriais seguir programas sistemáticos de tortura física de prisioneiros políticos. Ele não pode viver como se não fosse errado ditadores como Pol Pot ou Slobodan Milosevic impiedosamente cometer limpeza étnica e genocídio contra seu próprio povo. Tudo nele clama para dizer que esses atos são errados, realmente errados! Mas, se Deus não existe, ele não pode. E, assim, ele dá um salto de fé e afirma esses valores assim mesmo. E quando ele o faz, ele revela como é inadequado um mundo sem Deus. O horror de um Universo ateísta foi trazido a mim poderosamente há alguns anos atrás através de um documentário televisionado da BBC chamado "A Reunião." Ele mostrava entrevistas com sobreviventes do Holocausto que haviam se reunido em Jerusalém para compartilhar suas experiências e redescobrir amizades perdidas. Agora, eu havia visitado campos de concentração na Europa e ouvido histórias do Holocausto antes e eu achei que estava livre de ser chocado por mais relatos de horror. Mas, ouvindo essas entrevistas, eu descobri que não estava. Uma mulher, por exemplo, contou sobre como ela foi encarcerada em Auschwitz e foi forçada, por ser enfermeira, a se tornar a ginecologista de Auschwitz. Ela notou que o Dr. Mengele colocou todas as mulheres grávidas juntas em um alojamento. E, algum tempo passou, e ela não viu mais essas mulheres. Ela fez perguntas: "O que aconteceu com aquelas mulheres que foram colocadas naqueles alojamentos?" "Oh, você não ouviu? - veio a resposta - O Dr. Mengele as usou para vivissecção." Um rabino contou a história de uma mulher no campo que tinha uma pequena criança. Dr. Mengele queria fazer experimentos para ver quando tempo uma criança podia sobreviver sem nutrição. Então, ele amarrou os seios dessa mulher para que ela não pudesse amamentar seu bebê. E, todos os dias, o bebê perdia peso, o que era ansiosamente monitorado pelo Dr. Mengele. Desesperadamente, essa pobre mulher tentava manter o bebê vivo alimentando-o com pedaços de pão molhados com café, mas sem resultados. Todos os dias, o bebê perdia peso e, todos os dias, o Dr. Mengele pesava o bebê para verificar seu declínio. Então, uma enfermeira veio secretamente a essa mulher e disse, "eu trouxe uma injeção de morfina para você matar seu bebê. E você pode sair desse lugar. Eu arranjei um escape para você, mas você não pode trazer o bebê consigo." A mulher protestou, "Eu não posso matar minha própria criança!" Ela disse, "Veja, o bebê vai morrer de qualquer forma, pelo menos salve a si mesma." Então, essa mãe se sentiu compelida a tirar a vida de sua própria criança. Meu coração estava rasgado ao ouvir essas histórias! O rabino em Auschwitz disse que era como se existisse um mundo onde todos os 10 mandamentos fossem invertidos. Mentirás! Matarás! Furtarás! A humanidade nunca viu um inferno como esse! Porém, em um senso real, se Deus não existe, então, nosso mundo é Auschwitz! Não há certo e errado absolutos! Todas as coisas são permitidas! Mas nenhum ateu, nenhum agnóstico, pode viver de forma consistente e feliz nessa visão de mundo. Finalmente, vejamos o problema do propósito na vida. A única forma como a maioria das pessoas que nega um propósito na vida consegue viver com felicidade é inventando algum propósito para sua vida, que é auto-ilusão, como vimos com Sartre ou não levando suas visões à suas conclusões lógicas. Por exemplo, veja o problema da morte. De acordo com o psicologista Ernst Bloch, a única forma como o homem moderno vive em face da morte é subconscientemente emprestando a crença na imortalidade que seus antepassados tinham, embora ele mesmo não tenha base para essa crença, pois ele não acredita em Deus. Bloch conclui: "Assim, essa coragem superficial se banqueteia com um cartão de crédito emprestado. Ela vive de esperanças antigas e do suporte que elas davam.” Mas, o homem moderno não tem mais direito a esse suporte porque ele rejeita a Deus. E, para viver com propósito diante da morte, ele dá um salto de fé afirmando uma razão para viver. Muitas vezes encontramos a mesma inconsistência entre aqueles que dizem que o homem e o Universo vieram a existir por nenhum propósito ou, apenas por acaso. Por exemplo, feministas fizeram uma tempestade de protestos sobre a psicologia sexual de Freud porque, elas dizem, é machista e degradante para as mulheres. E alguns psicologistas se submeteram e revisaram suas teorias. Agora, isso é totalmente inconsistente! Se a psicologia freudiana é realmente verdadeira, então, não importa se é degradante para as mulheres! Você não pode mudar a verdade porque não gosta de aonde ela leva. Mas as pessoas não podem viver de forma consistente e feliz, em um mundo onde outras pessoas são desvalorizadas. Mas, se Deus não existe, ninguém possui qualquer valor! Apenas se Deus existe podemos consistentemente sustentar os direitos das mulheres. Pois, se Deus não existe, a seleção natural dita que o macho da espécie é o dominante e agressivo. As mulheres não teriam mais direitos do que uma fêmea cabra ou galinha! Na natureza, aquilo que existe é certo! Mas quem pode viver com uma visão assim? Aparentemente, nem mesmo os psicólogos freudianos, que revisaram suas teorias quando levados às suas conclusões lógicas. Ou, veja o comportamentalismo social, de um homem como B.F. Skinner. Essa visão leva ao tipo de sociedade imaginada por George Orwell no livro "1984" onde o governo controla e programa os pensamentos de todos. Se o cachorro de Pavlov pode ser levado a salivar quando a campainha toca, também pode o ser humano! E, se as teorias de Skinner estão certas, não pode haver nenhuma objeção moral a tratar pessoas como os ratos da caixa de ratos de Skinner enquanto elas correm pelos seus labirintos condicionados por comida e choques elétricos. De qualquer forma, segundo Skinner, todas nossas ações são programadas! E, se Deus não existe, nenhuma objeção moral pode ser levantada contra esse tipo de programa pois o homem não seria qualitativamente diferente de um rato pois ambos são apenas o resultado de matéria + tempo + acaso. Mas, novamente, quem pode viver com uma visão tão desumana? Ou, finalmente, veja o determinismo biológico, de um homem como Francis Crick. A conclusão lógica é que o homem é como qualquer outro espécime de laboratório. O mundo ficou horrorizado quando descobriu que, em campos como Dachau, os nazistas usaram prisioneiros para experimentos médicos em seres humanos. Mas, por que não? Se Deus não existe, não pode haver nenhuma objeção a usar pessoas como cobaias humanas. Um memorial em Dachau diz "Nie wieder!" Nunca Mais! Mas esse tipo de coisa continua a acontecer. Foi recentemente revelado que, nos EUA pós-guerra, várias pessoas de grupos de minoria receberam, sem saber, injeções de drogas esterilizantes por pesquisadores médicos. Não devemos protestar que isso é errado, que as pessoas são mais do que apenas máquinas eletroquímicas? O resultado dessa visão é controle populacional no qual os fracos e os indesejáveis são eliminados para dar lugar ao forte. Mas a única forma como podemos consistentemente protestar contra essa visão é se Deus existe. Apenas se Deus existe pode haver propósito na vida. E, assim, como um escritor moderno disse, "se Deus está morto, o homem também está morto." O homem não pode viver de forma consistente e feliz se a vida não tiver significado, valor e propósito. O mundo finito é insuficiente para manter uma vida feliz e consistente.

Mas isso nos leva à terceira e final alternativa: Desafiar a visão de mundo do homem moderno. Manter que Deus existe e que a vida possui significado, valor e propósito. Essa é a posição do Cristianismo bíblico. O Cristianismo bíblico, assim, soluciona a situação do homem moderno. Pois, de acordo com a visão de mundo Cristã, Deus existe e a vida não acaba na cova. E, portanto, o Cristianismo bíblico fornece os dois pré-requisitos para uma vida feliz e consistente: Deus e a imortalidade. De acordo com a visão de mundo Cristã, a vida tem significado porque a humanidade foi feita à imagem pessoal de Deus e o nosso destino é conhecer a Deus e desfrutar dEle em Seu amor eternamente. A vida possui valor, porque a própria natureza santa e justa de Deus é o padrão absoluto de certo e errado, bem e mal. E essa natureza é expressa a nós na forma de Seus mandamentos divinos que se constituem em nossos deveres morais. E, assim, as escolhas morais que fazemos agora, nessa vida, são cheias de significado eterno. Finalmente, a vida tem propósito. Como a declaração de Westminster diz: "O objetivo do homem é glorificar a Deus e desfrutar dEle eternamente." Assim, o Cristianismo bíblico é bem sucedido precisamente onde o ateísmo fracassa. O órfão cósmico pode voltar para casa.

 Agora, eu quero deixar claro que nada disso prova que o Cristianismo bíblico é verdadeiro. Mas eu acho que deixa bem claras as alternativas que temos. Se Deus não existe, a vida é fútil. Se o Deus da Bíblia existe, a vida tem significado. Apenas a segunda dessas duas alternativas nos possibilita viver uma vida feliz e consistente. E, assim, me parece que, mesmo que as evidências a favor e contra essas duas alternativas fossem absolutamente iguais, a coisa racional a se fazer é acreditar em Deus. Quero dizer: se as evidências fossem iguais, seria positivamente irracional preferir morte, futilidade e destruição à vida, significado e felicidade! Como Pascal escreveu, "Não temos nada a perder e a infinidade a ganhar."
Fonte: Scribd

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Matéria Especial



Beato Artêmides Zatti



Artémides era italiano, nasceu em Boreto, no dia 12 de dezembro de 1880, sendo batizado nesse mesmo dia. Os seus pais, Albina Vechi e Luís Zati, eram muito pobres e o levavam para trabalhar com eles nas plantações rurais. Devido à imensa dificuldade financeira, em 1897 a família emigrou para a Argentina, com destino a Baía Blanca, onde se fixaram.

Durante dois anos, o jovem Artémides trabalhou numa olaria, fabricando tijolos, enquanto frequentava a paróquia dos salesianos, cujo pároco, se tornou um grande amigo e seu diretor espiritual. Ao completar vinte anos, demonstrando grande espiritualidade, seguiu o conselho do pároco, ingressando no seminário salesiano de Bernal, como aspirante.

Nesta ocasião foi encarregado de dar assistência a um jovem sacerdote tuberculoso, desta maneira contraiu também o vírus desta doença, que até então era incurável. Foi enviado para a Patagônia, cujo ar muito puro da cidade de Viedma, associado ao tratamento no hospital de São José, eram os mais indicados para a cura.

Passando um longo período de convalescença, se tornou sensível ao problema das pessoas pobres que sofriam nos hospitais e nas casas, quase sempre sem ter condições para comprar os remédios do tratamento. Assim, aconselhado pelo padre Garrone, diretor do hospital, prometeu à Virgem Auxiliadora, que se consagraria ao cuidado dos enfermos, caso fosse curado, fato que ocorreu gradualmente durante dois anos, quando recebeu alta hospitalar.

Em 1906, entrou no noviciado e passados cinco anos fez a profissão perpétua. Nesse mesmo ano, o padre Garrone faleceu e Artémides convocado para gerir o hospital e administrar a farmácia. Seis anos depois, em 1917, ele se diplomou como enfermeiro e farmacêutico, aprimorando seu ministério e dedicação aos enfermos, com o conhecimento e o saber nestas áreas da medicina. O seu interesse e a sua dedicação aos enfermos aumentavam com o passar dos anos e, à paixão pelo seu ministério, acrescentava-se também a sede pelo conhecimento da ciência e do saber, sobretudo no campo da medicina.

 Em 1917 obteve o título de "Idóneo em Farmácia" e o certificado de "Enfermeiro profissional".
Alguns anos mais tarde, em 1934, viajou até à sua terra natal, a Itália, para participar na cerimónia de Canonização de Dom Bosco, cujo exemplo de vida e de apostolado o marcou profundamente. Quando regressou à sua terra de adopção e de missão na América do Sul, dedicou-se ainda mais apaixonadamente aos seus doentes.

Quando, em 1935, foi consagrado o novo bispo de Viedma, por falta de uma sede episcopal adequada na Patagônia, ficou decidido que o hospital de São José seria demolido, para ali se construir o edifício da Cúria. Entretanto a atividade hospitalar de Artémides continuou em pleno ritmo ainda por muitos anos, até que, em meados de 1950, caiu de uma escada. Durante os exames, os médicos descobriram que ele tinha um tumor no fígado.

No dia 15 de março de 1951, ele faleceu serenamente, já com fama de santidade, após uma vida de oração, trabalho e austeridade. Em 1980 o Bispo de Viedma, D. Hesayne, introduziu a Causa de Beatificação de Artémides Zatti. O Papa João Paulo II beatificou Zatti, em 2002, indicando o dia de sua morte para a celebração de seu culto. Seus restos mortais repousam na capela dos salesianos de Viedma, Argentina.

A produtora argentina San José lançou um documentário sobre a vida do beato Artémides Zatti, irmão coadjutor salesiano, o santo enfermeiro da Patagônia.

 “Se algum dia a anacrônica fisionomica do “parente de todos os pobres” chegasse às telas, não duvido que esse magnífico meio de expressão de ideias seria um novo trampolim para levantar Zatti até a altura em que, inconscientemente, ele se colocou com sua austeridade de vida, sua luminosa irradiação social e a firmeza incontrastável de sua fé”.




Novena ao Beato Artêmides Zatti

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Amém.

Glória a Deus Trindade
- Deus Pai, vós continuais a suscitar colaboradores para o vosso plano de salvação. Chamastes o Beato Artêmides Zatti a manifestar o seu amor por vós e a compaixão pelos pobres.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo .... .
- Deus Filho, vós configurais totalmente a Vós os que chamais a seguir-Vos de perto. No Salesiano Irmão Beato Artêmides Zatti nos ofereceis um exemplo de radicalidade evangélica.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo .... .
- Deus Espírito Santo, Vós envolveis na missão evangelizadora aqueles a quem o Pai chama. Enviastes o Beato Artêmides Zatti como bom Samaritano no estilo de Dom Bosco.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo .... .

Oração

Ó Deus,
que no Beato Artêmides Zatti
nos deste um modelo de salesiano leigo,
ajuda-nos a reconhecer o dom desta vocação
para toda a Família Salesiana.
Dá-nos a inteligência e a coragem
de propor aos jovens
esta forma especial de vida evangélica
no seguimento de Cristo e a serviço dos jovens mais pobres.
Torna os jovens
disponíveis à ação do Espírito,
para que se deixem fascinar pelo teu chamado
e acolham generosamente o teu convite.
Ensina-nos a acompanhar
os que tu chamas para esta via,
com caminhos formativos de qualidade
e com guias experientes e preparados.
Nós o pedimos
por intercessão do Beato Artêmides Zatti
e pela mediação de Cristo nosso Senhor.
Amém


Mais Informações: Artêmides Zatti

Fonte:Santa SéZenit



Vídeo Zatti



O Salesiano Irmão

“Toda vocação é um ministério que se manifesta, e se doa, que recebe e cresce ao mesmo tempo no contato com as situações juvenis e populares, se oferece para o serviço em prol dos mesmos.”(O Salesiano Coadjutor-1990).
Na história da Igreja surgem grupos, movimentos, idealizadores, indivíduos que manifestam um modo de ser, vivendo sozinhos ou em comunidade, sendo sinais de uma opção de vida, que contradiz as circunstâncias nas quais foram criadas. Eles são os religiosos, que através da pobreza, castidade e obediência, encontraram um dos caminhos de se entregar totalmente à Deus. Na história da congregação Salesiana vemos quanta dificuldade passou Dom Bosco, com o rigoroso distanciamento entre o clero e o povo naquele tempo. Nesse contexto Dom Bosco para levar a mensagem de Deus, aonde os padres não chegavam, formou o Salesiano coadjutor (irmão), que com sua identidade laical levaria a animação cristã com apostolado, educando o jovem na religião, no trabalho e outros valores humanos. Sendo assim, o Salesiano Irmão deveria qualificar-se no mercado de trabalho, onde se encontrava grande parte da juventude, e justamente pela sua maior abertura com o mundo, tentaria colocar em ação sua identidade religiosa. Hoje mudou totalmente essa mentalidade referente ao Padre, sendo possível também ele inserir-se e envolver-se no mundo dos jovens, mas o Irmão não perdeu sua importância, pois continua unindo sua consagração e laicidade a serviço da educação dos jovens em várias áreas.
“A igreja confia a todos os seus membros a missão originária do Batismo de viver, anunciar e testemunhar o evangelho de Jesus Cristo” (Salesiano Irmão- beleza e desafio de uma vocação atual, 2001, p.21). A consagração apostólica é o modo salesiano de viver o batismo, e nossa missão juvenil, é o modo de viver a missão da Igreja, e ser Irmão é empenhar-se nesse compromisso. Toda vocação tem sua espiritualidade, e o Irmão vive a sua na caridade pastoral e comunhão, tendo o amor pelo próximo e pela educação, brilhante no seu modo de agir e de pensar, no seu estilo de oração e acolhida, testemunhando tudo isso com sua presença amigável e motivadora.
E como buscar a santidade nesse mundo corrido de trabalho e pastoral?
Fazendo da atividade um dom, sendo grato, sem interesse próprio, mas para a cidadania e santidade do jovem. Várias virtudes entrariam aqui, tudo para entender que o Irmão insere-se no mundo como educador e transforma a realidade juvenil a partir do evangelho, promovendo fins sociais culturais e religiosos.
E então? Já pensou nesse tipo de vida para você? Se quiser refletir melhor não deixe de entrar em contato com os salesianos, venha fazer parte dessa família!!!
Noviço Juliano Feitoza Da Silva